sábado, 16 de junho de 2012

Nina Simone - I Put a Spell on You

sexta-feira, 8 de junho de 2012

A musa e o poeta
























A musa e o poeta
  
Quem ousa dizer que a palavra
Não brota no coração?
O poeta respira a palavra
E sabe que sem tua musa
Ela não nasce
E a poesia não existe
Afirma o poeta:
Não existe o poeta
Sem a musa que o inspire
E ele caminha
Em passos firmes
Em busca de tua musa
Jamais deixou de acreditar
No encanto
Na magia
No encontro
Mas, o poeta teme
Reluta
Reflete...
E ao encontrá-la
O que farei pergunta ele?
Aquieta-se
Repensa
E segue
Ao longe ouve uma voz
Que diz: procuravas por ti
Minha palavra busca a tua nobre poeta
E confesso-te, cada palavra tua me inspira,
É como se nós fôssemos uma única mão a escrever
O poeta responde mesmo sem vê-la:
Sentia-te sem saber quem tu eras
Somos iguais
Leves
Profundos
Densos
Ah, poeta ouvia-te sem ao menos conhecer tua voz
E eu, sinto tua respiração por vezes ofegante, e vejo-te ainda por muitas vezes com a face enrubescida
Sinto isto, diz ele
Pois, saiba que é assim que estou agora
Sim, eu sei
Tens ainda, e embora faça uma tremenda força para ocultar-me, o seu lado de adolescente, és uma menina
E ainda mais...
Tenho as mãos frias
O meu lado menina jamais me deixará
Sou muitas mulheres
Jamais permitirei que a minha menina se vá
Nem eu, diz ele
A minha menina
Está junto do menino
Que habitas em ti
Emocionado ele diz:
Sempre foi dele, eu sinto
Ela segura tuas mãos
Olha-te nos olhos
Beija-te os lábios com doçura
Ele diz: continue...
O gosto do beijo é de amoras frescas
Abraça-te forte, mas é um abraço doce
Que cabem desejos infinitos
Desejos ardentes e escondidos
Revelados aos poucos
Como se conta um sonho
Daqueles bem demorados
Desejos apenas teus
Nossos...
Que nascem como uma estrela no céu
Minha poetisa
Minha musa
E eu te possuirei mais do que ninguém, porque poderei partir
E a todas as lamentações
Dos céus
Do mar
Das estrelas
Será a tua presença
A tua ausência
A tua voz serenizada
Ela responde:
Tu me deixas sem fala
A boca seca
O coração palpita
O corpo grita de querer te ter
Serenamente ele responde:
Quanto à fala
Não se necessita
Apenas sinta
Aos lábios secos
A umidade dos meus
Ao corpo que se contorce
O meu corpo...
Ah, meu doce amor
Sinto-te perto
O calor do corpo aquece o meu
Mesmo distante estás aqui comigo
Eu também a sinto
Minhas mãos deslizam
Por todo o seu corpo
E os meus dedos não mais serão os meus
E sim os dedos das névoas suspensas no espaço
Se uma bruxa   fosse
E adoraria ser agora
Lançaria-te um feitiço
Serias um pássaro
Voando no ar
Chegarias de mansinho, voando para comigo ficar
Ganharias um longo e doce beijo
O feitiço já o fez, diz o poeta
Aconchegaria-me no calor de teu peito
Ouviria o teu coração
E olharia sorrateiramente em teus olhos
E neles fitaria o meu olhar
Por demorados instantes
A poesia se fez...
E completa:
“Não existe o poeta sem a musa que o inspire”

Maribel Santos
“Minha boca, janela da minha alma.”